quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A viagem...

"Há tanto tempo que eu deixei você,
Fui chorando de saudade
Mesmo longe não me conformei
Pode crer
Eu viajei contra a vontade
O teu amor chamou eu regressei
Todo amor é infinito
Noite e dia no meu coração
Trouxe a luz
Do nosso instante mais bonito
Na escuridão o teu olhar me iluminava
E minha estrela guia era o teu riso
Coisas do passado são alegres quando lembram
Novamente as pessoas que se amam
Em cada solidão vencida eu desejava
O reencontro com teu corpo abrigo
Ah, minha adorada,
Viajei tantos espaços
Prá você caber assim no meu abraço
Te amo"
Juro que relutei em começar com essa música, mas não consigo não pensar em você quando a ouço e nesse ultimo ano não consegui escutá-la nenhuma vez sem chorar de saudade. Hoje, especialmente pensei tanto em ti.
As lembranças vêm todos os dias. Imagino que deve estar bem, em um lugar lindo cheio de animais e flores que você tanto gostava. É, quem não gosta de ficar aqui nesse mundo sem você sou eu. Claro que muitas outras pessoas sentem também, mas não como eu.
Não consigo mais ir à sua casa. Tá tudo tão mudado lá. Não consigo mais gostar de tanta coisa que eu gostava quando você estava esperando eu voltar com o dinheiro da passagem guardado as 7 chaves e sem ninguém saber. Nosso segredinho.
Você me ensinou tanta coisa. Tantas que nenhuma outra pessoa nesse mundo saberia como ensinar de um modo doce e lindo como você o fez. Como ser "mocinha" (se bem que não aprendi muito essa parte né), como respeitar os outros mas não deixar de me impor, como amar cada pessoa com seus defeitos e qualidades, como fazer o melhor bolo de banana do mundo(claro que não chega aos pés do seu). Saudade da bala de coco, da cocada e do nhoque simplesmente maravilhosos que você fazia. Tanta coisa me faz falta. As piadas bobas, os causos depois do almoço, as simpatias, os chás milagrosos, a paciência que tinha com todos, menos com o seu Zé.
Sinto falta da sua gargalhada contida quando a gente topava o dedinho am algum canto. Não dava prá ficar brava. Mesmo com dor era impossível não rir. As infindáveis partidas de dama, stop, as roupas de boneca feitas com tanto carinho e capricho.
Ô minha querida, eu sabia que esse dia chegaria. Eu tinha medo dele, mas eu não acreditei e não acredito muito até hoje que você não está lá fazendo meu bolo de banana. Só quando chego e vejo que seu quarto não é mais seu é que caio na real que não estás mais por aqui. Sei que era um desejo seu. Sei que não havia mais como.
Eu me lembro das nossas conversas em que eu dizia que você iria ficar para ver meu casamento, meus filhos...É, eu sei que isso vai demorar muito ainda, e se continuar no pé que anda, duvido que aconteça algum dia. É que esse mundo era mais doce com você, tinha mais motivos prá ficar alegre quando pensava em ir prá casa. Hoje lá é cinza, estranho e não tem mais você prá encher os pacová da gente ou dizer "vá torrá prá lá" quando éramos nós que te enchíamos.
Ainda guardo todas as coisinhas de enxoval que você me deu. Algumas toalhinhas de crochê ainda têm seu cheiro que eu guardo comigo para as crises de abstinência.
Engraçado é que mesmo sem você nunca ter dito nada suas atitudes denunciavam, pelo menos a mim, que eu era a preferida. Me sentia assim e sei que era mesmo.
Sinceramente, eu não acreditei quando me falaram que você tinha partido. Foi tão doloroso que nem consegui chorar. Estou compensando agora, que começo acreditar e ver que você não vai voltar mesmo. Somente em meus sonhos, onde vem me visitar de vez em quando né?
Sofro demais sua ausência em minha vida. Minhas Páscoas nunca mais serão as mesmas. Era uma data inteiramente sua, onde nossa alegria era escolher os ovos e ansiar pelo Domingo. Era tão sua que você se foi um dia antes, para que nós nunca mais te esqueçamos...Boba, você estará sempre aqui em nossos corações.
Sinto sua falta, Te amo

Para Dona Líbera

FM

Um comentário:

Flor da Mata disse...

Só para registro, pois achei muita coincidência.
Esse texto foi escrito e postado as 1:58 da madrugada de 18 de outubro de 2007. Como sempre, a janela aberta pelo calor que faz aqui. No entanto, assim que acabei de postar, começou instantaneamente um vento tão forte que quase derruba tudo por aqui. Óbvio que não creio, mas também não duvido, que seria um sinal da minha querida avó.Apenas achei muita coincidência, pois já haviam 3 horas que eu estava na frente do computador. Saudade faz coisas...