quarta-feira, 26 de maio de 2010

Essência...


Somos egoístas. A verdadeira essência que nos domina desde o momento da concepção não é a bondade, nunca foi. Somos contaminados dia e noite com bombas de informação de tudo que gostaríamos de ter, e gostaríamos de ter tudo e mais um pouco se fosse possível. Não nos damos conta que em um mundo vazio estamos tão cheios de nós mesmos que as coisas boas simplesmente passam ao nosso redor, ao alcance das mãos e perdemos. Deixamos que escorregue como areia pelos dedos. É simples assim.
Não se importar aos sentimentos alheios é algo tão corriqueiro que magoamos e ferimos com sorrisos nos lábios. Não há certo ou errado, o umbigo definitivamente virou o centro do universo e o que não acontece ao redor dele é descartável como toda gama de sentimentos que a era moderna extinguiu para dar lugar somente às vontades. O supérfluo chegou e veio pra ficar.
Aos românticos de plantão, sorry! Essa fase ficou definitivamente no século passado, ou retrasado, mas ainda sobraram literaturas de Shakespeare e afins, para quem idealiza o grande amor. Pode até não ser real, mas dá pra perder algumas horas sonhando em lutar até a morte por um amor impossível.
Hoje em dia, o grande amor deve vir acompanhado de um apartamento em uma boa localização, um carro do ano e um cartão de crédito de limite bem alto. “All you need is Love” se transformou no “Diamonds are the girl best friend”. Lamentável.
O estresse é a desculpa para todos os males, inclusive os do coração e o prozac virou bala 7 belo nas mãos nervosas daqueles que não suportam a realidade nua e crua do dia-a-dia barulhento e corrido e se acalmam ao misturá-lo com uma boa dose de vinho, ou a garrafa inteira.
Pois é, foi o que nos sobrou. Aquilo que escolhemos quando mordemos a inocente (ou indecente?) maçã que era a única coisa que teria de permanecer intacta para desfrutarmos serenamente no paraíso. Fizemos a escolha, arquemos com as conseqüências dessa loucura cotidiana que chamamos de vida. E sem reclamar, por favor. Não há nada pior que reclamações por algo que não se possa fazer. Apenas viva meu querido amigo. Viva e tente se divertir criando ilusões de que pode sim haver um mundo perfeito, lindo em que todos se entendam, amem e respeitem. Viva e pare de se preocupar com contas, afinal, são apenas contas. Viva e finja que não sente, que não se importa, que não ama, pois o fingimento é a parte mais engraçada disso tudo e você pode exercitar o quão ator pode ser posando de bom moço ou apenas sendo você mesmo. Mau, que é a verdadeira essência do ser humano.