quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Briguentos...

Não é que somos briguentos, mandões, chatos, insensíveis...é que defendemos o que é nosso(ou que achamos que é) com tanto afinco que isso nos torna um tanto irracionais. Temos nossos próprios meios de dizer eu te amo sem precisar falar, apenas no olhar ou em um gesto menos grosseiro. Obviamente que é muito difícil de entender quando não se é um Teixeira legítimo. Digo legítimo porque Teixeira que é Teixeira não pede, manda! E fim de papo! E foi assim que eu aprendi(ou nasci sabendo?). Dos Teixeiras lá de casa, a mais Teixeira sou eu. As vezes mando tanto que mando no Teixeira mór (meu pai).
Os assim denominados possuem características distintas dos outros membros da família. Sim, fisicamente todos se parecem , com seus olhos cor de mel, cabelos castanhos e narizes perfeitos, mas o que em mais se parecem é no gênio. Ruim? Um pouco sim, seria "tapar o sol com a peneira" dizer que somos todos anjos, porém de corações nobres e generosos. Pois é, mas estamos entrando em extinção. Ontem perdemos o mais Teixeira de todos. Tão teimoso que mesmo com todos dizendo o que ele "deveria" fazer, ele foi contra...20 anos sendo contra a opinião alheia. Isso é que é um Teixeira!!! Teimoso, turrão, birrento, porém de perseverança e inteligência ímpares.
Bruscamente o perdemos e escrever algo a seu respeito não me saia da cabeça até sentar e começar a digitar. Não somente porque era meu padrinho, mas um cara que eu tinha como lição de vida. Não de humildade, não é nosso ponto forte, entendo. Não de carisma, aplica-se aquele "muito amado por poucos e detestado por muitos", mas que sabia ser gentil, amigo e falar merda como ninguém.
Sentirei falta da simplicidade com que você expunha suas idéias e me fazia sentir uma anta. Sentirei saudades de suas visitas surpresas, dos jogos de truco mal jogados propositadamente, dos espetinhos-de-gato na frente do mercado, das bebedeiras no fim da tarde e dos altos papos de madrugada. Não eram hábitos corriqueiros, mas foram demasiadamente bons e necessários serem lembrados.
Me lembro quando era criança, de esperar logo o natal chegar para que você chegasse logo com ele. Era certamente o tio preferido. Que me fez deixar de crer em Papai Noel sim! A maldade Teixeira falou mais alto aquele ano, mas o que é um velho de mentira perto um velho real como você né?
Te amo. Te amarei sempre como meu segundo pai.