sábado, 29 de setembro de 2007

A Fórmula da Invisibilidade


Descobri a fórmula da invisibilidade!!! Sim, eu que não sou cientista nem química e nem nunca tive aptidão para tais ciências descobri como ficar invisível! E o pior que é tão simples, está tão debaixo do nosso nariz que simplesmente se torna ridículo,! Ridículo contar, ridículo descrever, ridículo!
Foi naturalmente que descobri essa fantástico achado. Acontece que comecei a trabalhar na cozinha de um restaurante de um shopping. Sim, de cozinheira mesmo, fazendo tudo que toda cozinheira faz. Cozinho, lavo prato, escolho feijão, faço tanta coisa que o dia parece curto e descubro que a felicidade se encontra em um banquinho que fica ao lado da geladeira. São 6 bocas, 2 freezeres, 1 mesa, 1 geladeira e muita, mas muita coisa prá cortar, picar, cozinhar, congelar, ensacar e tudo mais que uma cozinha de boa qualidade pode oferecer. A comida, é ótima, e faço sim com carinho, mas nem tanto com orgulho.
Tenho a nítida impressão de que minhas unhas nunca mais serão as mesmas, e mesmo que voltem a ser, acho que nunca mais olharei para elas da mesma forma. – Unha cresce! Sim, cresce sim! Mas não bem cuidadinha, crescidinha, sem marcas, sem cortezinhos, queimadurinhas nas mãos- Sim tenho uma relação de esmero e capricho com minhas mãos. Elas contam a estória da vida de uma mulher. É, mas minhas mãos estão mais bonitas que minha vida. São como as de minha mãe. Sei que tenho que agradecer porque to trabalhando, e como disseram: "É um começo!"- outro começo.
E a fórmula? A fórmula, é simples minha gente! Basta vestir-se com um avental e um touca branca de cabelo que passa-se instantaneamente a ser invisível... Ou vai dizer que você se lembra da cara de alguma dessas pessoas que trabalha fazendo essas coisas digamos que "triviais"? Vai dizer que lembra da cara de alguma tiazinha que recolhe as bandejas sujas do shopping? Das cozinheiras então, nem em sonho.

Não adianta dar tchauzinho, sorrir, fazer graça, que ninguém te vê. Nem os amigos, nem os inimigos, nem os conhecidos, ninguém!!! Ninguém vê, ninguém nota. Sério, vi vários amigos nessa semana, e nenhum deles me viu, nenhunzinho. O pior é que é interessante observar as pessoas que conhecemos fazendo coisas habituais sem perceber que são observadas. O jeito que comem, que bebem, que gesticulam ao falar. É tudo tão normal e ao mesmo tempo parece que passa- se a conhecer melhor aqueles que estão ali a menos de dez passos e que você conhece tão bem.
Talvez seja melhor ser invisível quando se está com aquele uniforme ridículo. Não gostaria de ser vista nele e para falar a verdade, tenho me escondido atrás da parede quando vejo alguém conhecido. Você vai dizer: - Então você não é invisível, você se esconde! E eu responderei que sim, eu me escondo também. No entanto eu prefiro sim permanecer invisível das 9 da manhã as 4 e meia da tarde.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Apenas um desabafo...

Optei por escrever para não enlouquecer...Sim, dizem que é terapêutico, e que, antes de tudo, temos que procurar maior qualidade de vida...Penso que um hospício não oferece muita qualidade de vida. Então, farei do teclado um amigo confidente, só que sem ninguém do outro lado para me dizer: -Calma!
Talvez eu prefira, pelo menos por um tempo, continuar não calma. Ou melhor, continuar muito nervosa. Aquele nervoso que dá vontade de chorar, de gritar, de arrancar os cabelos ou os olhos do primeiro ser vivo que passar pela frente, de se matar. Um verdadeiro caos sentimental que depois que passa resta somente o cansaço e o pensamento latente na cabeça: - Estou ficando louca de vez? Percebo então que de nada adiantou ficar tão nervosa, que a vida vai seguir adiante da mesma forma, e que estando viva ou não, acaba-se sendo somente um número a mais (ou a menos) na família, nos amigos, nos colegas e ex- colegas de trabalho.
Vejo a reação de cada um diante da notícia: O quêêê? Ela morreu? Como? Se matou? Que absurdo! Ela parecia tão feliz, tão alto astral.
Pode parecer loucura, mas as vezes paro para pensar na reação das pessoas diante da notícia de minha morte. Talvez seja porque tenho verdadeiro pavor dela, mas penso nos que chorariam, nos que se descabelariam, nos que sofreriam de verdade, e naqueles que diriam apenas: que pena, enlouqueceu- e se voltariam novamente para suas vidas...Sei lá, cada coisa doida que se passa na cabeça da gente, mas acho que ao menos uma vez na vida alguém pensou nisso. No entanto, não vou querer testar não, mesmo porque a altura em que vivo não me permite insistir nesse tipo de pensamento.