quarta-feira, 28 de abril de 2010

Rotina...


Acordar
Agradecer a Deus por mais um dia de trabalho.
Colocar a música preferida, ou aquela que se está na cabeça,
Tomar banho pensando em tudo que tem de ser feito,
Escolher a roupa, maquiagem, sapato,
Imaginar como seria acordar ao seu lado, os diálogos, as caras e bocas,
Fazer o café
Correr para não se atrasar no trabalho
Trabalho-café- trabalho-café- trabalho.
Almoço
Trabalho-café-trabalho.
Chegar em casa
Tirar os sapatos dos pés cansados
Ver alguma notícia na internet
Conversar um pouco com a mãe que está longe
Ver Jornal Nacional, invejar William e Fátima por serem felizes em tudo,
Deixa a novela pra lá
Beliscar uma besteira qualquer
Banho
Deitar
Imaginar como seria ter aquele abraço toda noite pra dormir...
Acordar...

terça-feira, 20 de abril de 2010

Coração...





Era uma vez um Coração. Era um coração lindo, vermelho, redondinho, em perfeito estado que batia forte como o jovem coração que era. Um dia, o Coração conheceu algo excepcional. Começou a ter palpitações, batia sem ritmo e liberava tanta energia que até o Estomago sentia. Esse Coração havia se apaixonado, e se apaixonara de uma forma tão pura, tão linda, tão deliciosamente apaixonante que, como todo bom coração, esqueceu de consultar a Cabeça pra saber o que ela achava. Logo ela, tida sempre como tão sábia, e inteligente, estava também se perdendo por causa da paixonite do Coração. Raciocinava pouco, pensava muito do motivo da paixão do Coração e deixou-se envolver demais naquele circo todo que o danado Coração armou.
Para felicidade geral e entusiasta de todos, ele estava sendo correspondido. Pulava, saltitava, batia, batia, batia e quando o telefone ou a campainha tocava, ele já ia logo se alegrando achando que era o ser amado.
E o Coração conheceu sentimentos de felicidade, amor, paixão, tesão, alegria, tudo junto e misturado e ficou até descompassado. Tinha motivos, tinha algo que lhe dava alegria e prazer, tinha outro coração que lhe pertencia e aquilo chegava a ser bom demais pra ser real. Ainda mais pra ele, que se julgava um Coração tão simples. Nobre Coração.
O tempo passou, a euforia acalmou e o Coração estava apaixonado, porém um pouco mais quieto, como sempre acontece com o passar do tempo. O que ele não esperava, era que o motivo de sua alegria não estava mais contente. Na verdade, ele nunca havia sentido da mesma forma, e no seu modo de entender ele estava certo em não querer mais fazer parte da vida do Coração, pois se sentia caluniador e até gostava do Coração, mas nem tanto. Pobre Coração.
Então o Coração foi abandonado, rejeitado. Apenas abandonado porque não era amado como amava, porque havia se entregue totalmente pedindo apenas para ser amado e nem isso conseguira. E o Coração se partiu, rasgou, sangrou, entristeceu e ficou cinza, se sentiu até incompetente. Em sua mágoa e tristeza, não via mais alegria nas coisas, não via mais cores no seu dia, não via o brilho que havia. Chegou a um ponto em que ele nem via mais motivos para continuar batendo. Não havia por que.
E assim ficou por muito tempo, apenas batendo por bater e sem querer se envolver com outro coração. Na verdade ele ficou com muito medo, pois sabia o quanto era bom amar, mas sabia o quanto era ruim não ser amado. Haviam traumas, medos de se decepcionar novamente e isso o barrara em várias oportunidades de corações abertos que encontrava por aí afora. Na verdade, o Coração passou a consultar sua velha amiga Cabeça e juntos, formavam uma espécie de dupla racional contra o sentimento. A cabeça não deixava o coração transpassar determinados limites e o Coração firmemente resistia.
O tempo passou e passou quando as cicatrizes se tornaram mais amenas, ele pode finalmente encontrar outros motivos que lhe dava alegria. Encontrou a força da amizade, que não deixa de ser amor também, e aprendeu a ser feliz sem o louco amor.
Hoje, ele e a Cabeça até pensam novamente em se deixar levar de vez em quando, só pra ver se consegue realmente amar de novo, mas tem medo, tem muito receio com o que pode ser feito dele e prefere, ao menos por ora, se dar aos pouquinhos, com moderação. Coração medroso.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Nostalgia...


Gostaria de um dia poder olhar novamente nos teus olhos e sentir que todo esse tempo realmente foi desperdiçado. Desde que te conheci, sempre tenho os altos e baixos pensando em como as coisas poderiam ter sido diferentes se eu tivesse mais maturidade e você menos.
Confesso que pensei diversas vezes que você não mais me afetaria depois de tanto tempo, que realmente havia passado e deixado pra trás, como todo o restante da garota certa que fui. Engano meu. Você ainda me afeta. Obviamente que andar pela rua de onde você me escrevia em uma metrópole de 10 milhões de habitantes é uma coincidência cruel e olhar para os lados te procurando é inevitável. Cada vez que abre a porta do metrô eu penso: - Ele poderia sair dali agora, e quando nada acontece, vejo minha inocência em querer te encontrar ao acaso em um formigueiro. Obvio que não aconteceria.
Imagino como está sua vida agora. Se tem filhos, casou-se, mudou-se, enfim, em como realmente você está. É como se pensasse em um velho amigo que não tenho noticias há tempos e sinto imensa falta, só que a falta que sinto não é do amigo, é do cara que se preocupava comigo, que não se importava em pagar contas astronômicas de telefone desde que eu atendesse, que ligava 17 vezes no dia só pra ouvir minha voz e cancelava jantares pra ficar escutando as baboseiras que eu falava, que brigava quando eu saia e não avisava. Aquele cara legal que me fez um presentinho bobo com todo carinho e que me ligava da Paulista às 3 horas da tarde pra ouvir minha voz. Sinto falta. Sinto muita falta e isso me bloqueia demais até hoje. Sabe, um sentimento de que nunca mais gostarei de alguém assim? Até prefiro, não me envolver tanto pra não ter que sofrer depois. Finais são tristes e não quero mais tristezas.
De tudo, algo que você me disse na ultima vez que nos falamos e que não sai da minha cabeça porque como alguém poderia usar um clichê tão antiquado para dar fim a algo. Você me disse: - “Você é muito especial, eu não”. Isso me faz rir e ao mesmo tempo pensar. Será? Será que ele falou realmente achando que eu acreditaria nisso ou simplesmente achou um modo menos traumático, porém igualmente covarde para dizer que não queria. Pois é, ainda penso em você na Heitor Penteado, mas hoje a certeza é outra, de que eu realmente sou muito especial, você não.